SINDICALISMO BANDIDO!?!?
A prática de alguns dirigentes sindicais no Brasil e no estado de Rondônia evidencia claramente o nível de fragilidade moral das pessoas que brigam, que lutam , e que, às vezes, se matam para vencer eleições nas entidades sindicais, apenas com a finalidade de defender interesses escusos ou de ficarem sem trabalhar por algum tempo.
Especificamente no caso da educação, não dá para entender por que as pessoas que dirigem sindicatos falam em democracia, em liberdade de expressão, em inclusão, em igualdade, em justiça, entre outros valores sobre os quais nossos atuais dirigentes precisam aprender muito. É como se tais dirigentes vivessem em outro mundo e fossem realmente exemplos de moralidade e de democracia. Como pode, por exemplo, o sindicato da educação realizar eleições usando cédulas de papel, quando todas as demais entidades usam a urna eletrônica?
O SINTERO está entre as entidades sindicais cujos dirigentes precisam rever seus conceitos e agir de modo mais honesto para com os filiados, pois a prática dos interesses particulares desmoraliza nossa classe, descredencia nossos ideais e corrói nossa relação com a sociedade e com o governo, especialmente com governos descomprometidos com a educação, como é o caso do atual governo de Rondônia.
Em muitos anos de debates sobre o sindicalismo praticado pelos diretores do SINTERO, nunca se viu, de fato, a prática da democracia. Os que estão no poder há mais de duas décadas, sempre que ocorrem eleições, fazem de tudo para impedir a participação, em condições de igualdade, de outras pessoas que também possuem ideias e a vontade de representar os interesses coletivos. Até mesmo o advogado, pago com a contribuição de todos, faz campanha contra chapas que se opõem aos seus amigos e atuais diretores. E nas campanhas afirma publicamente que somente seus amigos são capazes de promover o sindicalismo que pode beneficiar os filiados coletivamente. Às vezes, mentem, cooptam, alienam... Tudo para manter no poder pessoas já muito desgastadas, sem credibilidade e totalmente comprometidas com objetivos alheios ao sindicalismo educacional.
Um setor importante como a educação, e que tem a obrigação de promover o debate honesto, sincero e democrático, não pode, jamais, agir com manobras, com mentiras, com meias verdades e escondendo dos filiados a realidade do sindicato. As mudanças, a alternância de poder e a transparência são fundamentos dos quais um sindicalista sério não abre mão. A falta de seriedade de muitos dirigentes sindicais com certeza é o maior trunfo de governos sem compromissos, pois muitas pessoas, com justa razão, se recusam a encampar movimentos liderados por gente sem credibilidade, sem moral e sem ética.
A atual crise vivida entre os trabalhadores da educação e o governo de Rondônia é prova inconteste de que algo no sindicalismo precisa mudar. Muitas pessoas se recusam a participar da greve promovida pelo SINTERO, com receio de serem vendidas, de serem mal representadas, de serem enganadas, como já ocorreu em outras ocasiões. Mas, infelizmente, quase todos os diretores atribuem a não participação de muitos filiados ao medo, à falta de compromisso dos que não estão juntos na greve, sem perceber que o desgaste moral, os atos desonestos, a falta de transparência de vários dirigentes, entre outros fatores, são determinantes para afastar as pessoas.
Nas assembléias realizadas para os debates, a divisão é evidente e os motivos são muito claros. Há sempre unanimidade quando o assunto é a necessidade de fazer a greve. Ela é necessária sim! Este governo brinca de fazer educação e não respeita o segmento que lhe deu total apoio nas últimas eleições. Do mesmo modo que mentem os dirigentes do SINTERO, mentem os representantes do governo, com números falsos, com manobras jurídicas, com ameaças fajutas e com promessas sem cabimento... Em uma coisa, porém, dirigentes e governo são iguais: se mostrarem os verdadeiros números de suas contas, correm o risco de serem apedrejados em praça pública pelos filiados do sindicato que sentem indignação sempre que um pequeno detalhe vem à tona, como é o caso do pagamento da licença de alguns diretores. Ressalte-se que, aparentemente, não há ilegalidade no fato, mas os princípios de moralidade, de publicidade e de ética foram totalmente comprometidos pela teoria egoísta e antissindical do “farinha pouca, meu pirão primeiro”, sem descartar a possibilidade de isto ter sido feito de forma propositada pelo governo, para acabar de “queimar” pessoas já sem nenhuma credibilidade.
Ao ser verdade a possibilidade de o governo “plantar” o pagamento de licença aos dirigentes, fica evidenciado que usou de má fé o governo, ao praticar tal ato; do mesmo modo que usaram de má fé nossos dirigentes, quando ficaram caladinhos esperando que ninguém soubesse de nada. Dizer que contestaram tal fato “amplamente” não cola. A verdade é que quase ninguém sabia da história. Quando nosso sindicato quer divulgar algo amplamente, sempre manda fazer muitos “autdoor’s”, como fez recentemente na campanha da chapa que venceu as eleições do SINTERO. Em Cacoal, por exemplo, os filiados não sabiam dos privilégios de nossos ilustres dirigentes.
Caso os dirigentes do SINTERO conseguissem convencer a participar da greve todas as pessoas que não estão apenas porque não acreditam nos dirigentes, nenhuma escola estaria funcionando e, com certeza, o executivo estadual teria uma postura mais séria e mais comprometida com a educação. Ao contrário, permanecendo a obscuridade nos atos praticados pelos que têm a obrigação de representar a coletividade com transparência, as coisas ficarão cada dia mais complicadas...Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual
