sábado, 30 de junho de 2012


EDUCAÇÃO EM RONDÔNIA: AS VACAS COMO PRIORIDADE...
Os discursos do governador Confúcio Moura sobre a educação, a cada dia que se passa de seu governo, irritam mais os professores, criando um clima concreto de que sua gestão dificilmente fará as mudanças prometidas por ele na campanha de 2010. No último dia 29 de junho, em Ouro Preto d’Oeste, constatamos mais um desses fatos que causam desesperança.
Por uma dessas coincidências da vida, durante os dias 25 a 29 de junho estavam reunidos no Centro de Treinamento da Emater os professores de Língua Espanhola da rede estadual de Rondônia e, nos mesmos dias, também faziam um treinamento no local os servidores da agência IDARON, onde certamente foi discutido o modelo agropecuário que o estado busca para os próximos anos.
No dia do encerramento, o governador foi ao CENTRER para participar da solenidade oficial e, de modo totalmente improvisado, os professores foram chamados para a tal solenidade, quando faltavam cerca de dez minutos para o ato. Até este momento a prioridade do governador no local era falar para os servidores da agência IDARON sobre as vacas e outras atividades realizadas pelo órgão. Como os professores presentes recusaram-se a servir de platéia na solenidade oficial, Confúcio resolveu entrar na sala onde nós estávamos para falar sobre a educação. Tudo de improviso! Em seu emocionante pronunciamento, o governador disse que não sabia que havia ali um encontro de professores, mas garantiu que em breve seu governo fará aulas de espanhol nas escolas públicas todos os dias, diferentemente do que ocorre atualmente, quando as aulas de espanhol são relegadas a segundo plano em praticamente todas as escolas estaduais.
Embora o discurso tenha sido animador, os professores presentes na ocasião provavelmente não acreditaram na conversa porque o governador desconhecia inclusive a Lei Federal 11.161/05, que trata exclusivamente do ensino de Espanhol nas escolas do Brasil. Confúcio Moura também não explicou como fará para que as escolas tenham aulas diárias de Língua Espanhola, porém não devemos ter ilusão sobre isso. Basta lembrar que as aulas de Língua Portuguesa, nossa língua materna, não acontecem diariamente e o número de aulas de História e Geografia, por exemplo,  foram reduzidos agora no governo que promete o Espanhol de segunda a sexta...Convenhamos!
De qualquer modo, Confúcio declarou em seu discurso que é apaixonado pelo idioma espanhol, mas disse que não sabia nenhuma palavra  e que falaria para nós em português mesmo. Tudo bem, quanto a isso. Aproveitei a oportunidade e falei com ele, em português e espanhol, para cobrar que a educação seja  valorizada e respeitada, pois nem só de vacas vive um estado... Provavelmente ele disse ter paixão pela língua espanhola para agradar os ministrantes do curso, o professor Marcial Izquierdo Blanco e a professora María Nieves Aparicio Pérez-Lucas, estes, sim, excelentes profissionais, pois ficamos todos encantados com a capacidade de ambos. Falo da capacidade profissional e da capacidade de interagir com nossa cultura. Duvido muito que ficaríamos uma semana no CENTRER , se eles não fossem tão bons como são.
Assim como nosso ilustre governador, o secretário de educação, Julio Olivar, certamente não sabia do encontro dos professores de Língua Espanhola, pois além de não ter aparecido por lá, não mandou nenhuma carta de saudação aos profissionais que ficaram enclausurados por uma semana no CENTRER, mas não se pode esperar muita coisa do atual secretário de educação. Para compensar a ausência de Julio Olivar, tínhamos, durante todos os dias conosco, outro Júlio: JULIO CESAR MENDONZA LUQUE. Este, sim, funciona e está entre os raros profissionais da SEDUC que se interessam pela realização e continuidade dos cursos de atualização com professores de Espanhol. Infelizmente, o governador revelou na ocasião que não sabe quem é Julio Mendonza Luque, o que é uma pena...
Finalmente quero registrar que fui informado por  pessoas do governo que o secretário Júlio Olivar teria mandado fazer uma investigação completa sobre minha vida, contrariado com as opiniões que publico na imprensa de Rondônia sobre sua péssima atuação no cargo de secretário de educação. Olivar deve ter aprendido isso com MANGABEIRA UNGER, a “Eminência Parda” deste governo e seu guru, pois Mangabeira ficou conhecido  por ser a pessoa que confeccionava dossiês sobre os desafetos de Lula. Como no passado já fui perseguido por muita gente, não tenho nenhum problema com isso. A grande diferença, a meu favor, é que quando fui perseguido no passado, meus inimigos tinham qualidade e isso é determinante, mesmo assim foram todos derrotados. Se tiver mesmo mandado fazer a tal investigação, nosso secretário irá descobrir em seu desfavor duas coisas: que não tenho medo de ninguém e que compareço ao trabalho todos os dias, além de ter formação para o cargo que ocupo. O Resto vai ficar por conta dos delírios que são peculiares aos colunistas sociais, atividade que Júlio Olivar certamente conhece muito mais do que eu...

FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual

sábado, 16 de junho de 2012


BR – 425, O QUEIJO SUIÇO...
A cidade de Guajará-Mirim sofre com inúmeros problemas estruturais causados por sucessivas administrações de péssima qualidade, mas a maior evidência de descaso contra a valorosa população da “Pérola do Mamoré” está na situação calamitosa e vexatória em que se encontra a rodovia federal que dá acesso ao município.
Como é de conhecimento de todos que habitam a cidade da fronteira, a BR 425 foi asfaltada na década de 80, na administração de Isaac Bennesby, e até os dias atuais nunca passou por uma reforma. Falo de uma reforma de vergonha... É de causar indignação o fato de diversos políticos afirmarem que a cidade precisa ter seu potencial turístico explorado. A maior marca do turismo é justamente a facilidade de acesso, coisa que não ocorre com a citada rodovia.
Se levarmos em consideração o fato de que a pavimentação e manutenção de rodovias federais são obrigação da União, podemos dizer, sem nenhuma sombra de dúvida, que o governo brasileiro nunca cuidou da BR que dá acesso à cidade mais antiga de Rondônia, sendo apenas mais nova que a capital do estado. O falecido ex-prefeito Bennesby chegou a responder um longo processo por ter asfaltado a 425 na metade da década de 80, quando Figueiredo era o presidente do país. Naquele tempo, uma viagem de Guajará-Mirim até a capital, às vezes, levava dois dias. A população comemorou e muito a pavimentação e sempre se mostrou solidária ao ex-prefeito, quanto ao processo que ele respondia. Isaac foi processado por fazer uma coisa que era obrigação do Governo Federal, mas, com certeza, até hoje não teria ocorrido, a julgar pelo abandono atual.
Enquanto muitos políticos respondem processos atualmente por roubo de dinheiro público, Bennesby respondeu por usar os recursos públicos para resolver o maior problema da época. Ninguém entende por que acontecem essas coisas, mas acontecem. O preço que a população de Guajará-Mirim paga é tão alto que fica impossível estabelecer, com precisão, os números, mas são parecidos com os valores somados de todos os escândalos que nosso estado já viveu , envolvendo políticos e outras autoridades.
Vergonhoso é saber que os atuais mandatários de Rondônia sempre tiveram votações expressivas na “Pérola do Mamoré”, embora a atuação da maioria deles seja tão ruim quanto a camada de asfalto que as pessoas têm que enfrentar para fazer o deslocamento de Porto-Velho para Guajará-Mirim. Dizer que a cidade não tem representantes na Assembleia, na Câmara Federal e no Senado seria muita desinformação, pois os números da eleição de 2010 são absolutamente comprobatórios.
Guajará-Mirim possui aproximadamente 27 mil eleitores. Em 2010, o senador Valdir Raupp obteve 15.303 votos dos guajará-mirenses e Ivo Cassol, também eleito no mesmo ano, obteve 8.277 votos. Pode-se dizer, com boa margem de segurança, que praticamente todos os eleitores da fronteira votaram nos dois senadores eleitos no último pleito. A falta de representação não tem como motivo a negação de votos da população de Guajará.
Todos os Deputados Federais com mandato hoje foram muito bem votados em Guajará-Mirim e tiveram, juntos, quase a metade dos votos da cidade. E vale lembrar que havia pelo menos dois candidatos da própria cidade na disputa, mas que não tiveram, nem de longe, a votação dos aventureiros que invadiram a histórica Guajará-Mirim, no período de campanha. Hoje, raramente aparecem e , quando vão, usam aviões, para não sofrerem com os buracos causados por eles na BR-425.  Essa é a parcela de culpa de nosso sofrido povo da fronteira.
Na esfera do Poder Executivo a situação não é diferente. Dilma teve arrasadora maioria de votos sobre Serra e Confúcio chegou perto dos 80% de votos em Guajará-Mirim.
Lamentavelmente, não se ouve nenhuma dessas pessoas defendendo a reforma da BR 425. Os motivos são desconhecidos, mas compreensíveis: já tiveram os votos, que se dane que votou!! E todos eles estarão de volta, quando necessitarem outra vez dos votos da fronteira... E terão, talvez, até mais votos do que tiveram em 2010, porque nosso povo de Guajará é muito generoso. Só não se pode afirmar qual rodovia usarão para chegar até a cidade, pois duvido que a BR -425 sirva para alguma coisa daqui alguns meses.
Como a rodovia pertence ao Governo Federal, não se pode esperar muito dos deputados estaduais, mas não custa nada registrar que todos os deputados estaduais com mandato atualmente tiveram votos em Guajará-Mirim, mas esses não resolvem nem mesmo os buracos da Casa Legislativa ou os buracos dos cofres da saúde do estado, dilapidados por muitos dos atuais deputados estaduais.
Diante de tudo isso, a situação da única via de acesso a Guajará-Mirim, a cidade com maior potencial turístico do estado, continuará como um queijo suíço. A metáfora não se relaciona com a inquestionável qualidade do produto europeu... A relação é com a incontável quantidade de buracos que ambos possuem... O queijo suíço possui os buracos do prazer; a BR 425 possui os buracos do descaso, da incompetência e da desonestidade de muitos de nossos políticos... É uma vergonha!! Tenho dito...

FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual