PMDB DE RONDÔNIA: A INFLUÊNCIA E
A AUTOFAGIA...
O partido do Movimento
Democrático Brasileiro, PMDB, precisa rever urgentemente seus conceitos e sua
postura como agremiação política, pois os resultados obtidos nas eleições de 07
de outubro revelam uma situação, no mínimo, estranha e onde está muito evidente
que o partido de Raupp, Marinha e Confúcio Moura não possui mesmo nenhuma
liderança no estado onde mora o presidente nacional da sigla.
Embora o senador Valdir Raupp
tenha propagado no horário eleitoral que tem influência em Brasília e que é
amigo do vice-presidente da república, sua influência nunca resolveu nenhum
problema de nosso estado. Basta lembrar dos seguintes fatos: que Rondônia paga
uma dívida altíssima, relacionada com o fechamento do Banco do Estado de
Rondônia BERON, que a rodovia federal 425 encontra-se em situação vergonhosa,
que os buracos da BR 364 são lembrados na tribuna do Senado Federal apenas
quando morrem pessoas conhecidas dos políticos, que a transposição dos
servidores foi feita da forma como bem quis o governo federal, que o partido de
Raupp e Confúcio perderam feio em todas as cidades consideradas pólos no
estado, como é o caso de Vilhena, Pimenta Bueno, Cacoal, Ouro Preto, Jaru, ji-Paraná, Porto-Velho e
Guajará-Mirim. Em cidades como Ariquemes, onde mora o governador do PMDB e
Rolim de Moura, onde mora o presidente nacional do PMDB, o partido não teve nem
mesmo capacidade para ter candidatos na cabeça de chapas, curvando-se a outras
siglas para participar de chapas que tinham mais organização. Vergonhoso este
fato para um partido conhecido no país inteiro como “grande”.
Ao citar no primeiro parágrafo do
texto que o partido pertence a Raupp, Marinha e Confúcio, minha intenção é
justamente deixar claro que os outros milhares de filiados não podem ser
culpados pela derrota estrondosa que o partido teve nas urnas em 07 de outubro.
Claro que o partido possui filiados importantes, com liderança e que são
respeitados, mas que perderam o espaço, perderam o controle e perderam a
vontade de militar no PMDB do velho Ulisses Guimarães. Em 1988 havia, segundo
Ulisses, a “voz rouca das ruas”... Em Rondônia, ao que parece, o PMDB de Raupp,
Confúcio e Marinha calou a “voz rouca das ruas”...Na capital do estado, onde há
cerca 280.000 eleitores, o candidato do PMDB teve apenas 6.169 votos, perdendo
para os votos brancos (6.304) e os votos nulos (9.397). A única cadeira na
câmara de vereadores de Porto-Velho que será ocupada por um membro do PMDB não
tem nenhuma ligação com a influência do governo ou dos Raupp, pelo que se
conhece sobre os fatos.
Em Guajara-Mirim, a cidade mais
antiga depois de Porto-Velho, dos quase 30 mil eleitores, apenas 3.051 votaram
na candidata do PMDB, que ficou na terceira colocação na disputa, uma posição
bem melhor do que o sétimo lugar obtido pelo PMDB na capital. Em Cacoal, uma das
cidades mais importantes de Rondônia, conhecida por sediar muitos cursos
universitários e pela grande produção de café e outras riquezas, Raupp fez de
tudo: juntou 18 partidos na coligação, chegou a colocar seu irmão, vice, na chapa derrotada, aliou-se a Ivo
Cassol, inimigo histórico e que o acusa de ter falido o “BERÃO”, além de
colocar no palanque derrotado 22 deputados estaduais, 06 deputados federais, 02
ex-prefeitos da cidade e até imagens de Michel Temer, o vice-presidente da
república, na TV ... Todos foram derrotados pelo atual prefeito, padre Franco.
Mas o atual prefeito sofreu, pois, todos os dias, tinha que esclarecer as
muitas mentiras inventadas pela turma de Raupp e levadas ao Ministério Público
e à Justiça Eleitoral. Aliás, a saúde pública seria muito melhor se o hospital
regional de Cacoal,administrado pelo estado e pelo partido de Raupp, fosse
fiscalizado pelo Ministério Público com o mesmo rigor que fiscaliza os órgãos
municipais de saúde. Considero importante a fiscalização, mas seria mais justa
se fosse feita também no hospital do estado com a mesma determinação.
Para o legislativo, o PMDB não
elegeu nenhum vereador em Cacoal e seus candidatos perderam feio para o
candidato Chapeuzinho, que fez sua campanha numa bicicleta e nas horas de
folga, quando não estava cumprindo seu trabalho de jardineiro. Claro que a
bicicleta deverá ser o único bem declarado por Chapeuzinho em sua prestação de
contas. Não porque ele vai omitir bens, mas porque seu único bem na campanha
foi mesmo sua bicicleta, além da honra e da dignidade que ele possui. Com seus
quase 800 votos, o jardineiro Chapeuzinho teve mais que o dobro de muitos
candidatos milionários e deixou para trás
quase todos os candidatos do PMDB. Apenas ficou à sua frente a Dr. Raquel,
atual vice-prefeita da cidade e uma pessoa conhecida e respeitada na região,
como política e como médica.
Em Rolim de Moura, a cidade onde
mora o senador Valdir Raupp e a deputada federal Marinha Raupp, o PMDB não
conseguiu ter nem candidato e participou da eleição municipal apenas como cabo
eleitoral do PT, que ficou na terceira colocação, numa prova clara de
fragilidade do partido de Raupp e Sarney.
Considerando que os servidores públicos estaduais ficaram muito irritados com o
resultado do processo de transposição para o quadro federal, considerando que
os erros administrativos e políticos do atual governo de Rondônia são
inomináveis e considerando também que a influência pregada pelo senador e
presidente nacional do PMDB não foi constatada nas urnas, podemos prever, com
boa margem de certeza, que a reeleição de Confúcio Moura, depois do que se viu
nas eleições deste ano, subiu no telhado... Em pouco tempo, para a tristeza de
Ulisses, já não será possível, para o PMDB,
ouvir nem mesmo a “voz rouca das ruas” ... Tenho dito!!
FRANCISCO XAVIER
GOMES
Professor da Rede
Estadual